-Excuse me. You need to help me.
Ela me abordou na calçada, em um inglês um tanto hesitante. Tinha certa idade, um lenço amarrado na cabeça, um bom celular na mão, óculos escuros. Precisava pegar o ônibus para ir trabalhar, era longe, não dava para ir andando, a filha estava longe também, falou de uma válvula no coração, enfim, tinha esquecido a carteira. Eu podia ter me lembrado de quando duas moças me contaram toda uma história e sumiram com minha câmera fotográfica em Madri, e eu chorei muito, mas em vez disso me lembrei de quando fui comprar ingressos no Teatro Guararapes em Recife e só estava aceitando espécie e eu juntei todo o dinheiro que tinha e faltaram uns centavos, e eu pedi moedas ao próximo da fila. Pedi dado mesmo, na cara de pau, pois não ia pagar uns centavos de volta, e né, que diferença faria... E a pessoa me deu. De cara feia, mas deu.
Enquanto eu tirava minhas moedas da bolsinha para dar à senhora, ela me agradecia e repetia que Deus estava vendo e que ele ia me recompensar, ou algo assim.
Na hora eu quis dizer que não é isso que me motiva a ajudar o próximo, que gostaria de manter as coisas mais no nível humano-humano, da linha do gentileza gera gentileza e vamos fazer um mundo melhor para todos, mas bem... Apenas sorri e disse "no problem", à moda inglesa.
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