terça-feira, 14 de abril de 2009

So long, farewell, auf wiedersehen, goodbye

E aí ele me disse acho que não quero mais, e me abraçou, e eu coloquei a mochila nas costas e olhei para trás e ele ainda estava lá, e olhei através da porta de vidro e ele ainda estava lá, e quando não pude mais vê-lo eu chorei. E chorei por dias e meses até que ele veio até mim e disse tenho certeza que não quero mais e me abraçou ao portão como havíamos feito nos últimos cinco anos mas essa era a última vez. E eu fechei o portão e se ele olhou pra trás eu não sei, e eu chorei.

E um dia eu resolvi partir e abracei muitas pessoas mas não chorei e coloquei a mochila nas costas e se eu olhei pra trás... eu não lembro. E no aeroporto-destino não havia abraços para mim nem para ninguém porque lá só há homens engravatados com plaquinhas para Mr Beltrano ou Mr Fulano.

E desde então foram tantos encontros e despedidas por este mundo de meu deus que já não há lugar para lágrimas, mas sempre há a chance de um abraço. Um abraço, um sorriso, mais uma despedida, virar as costas e seguir rumo, olhar pra frente como quem olha para um futuro enigmático e flutuar em uma romântica melancolia e pensar what's next, o que será que será, com quem, onde, quando, como, por quê. E o melhor de tudo é não ter as respostas.

E assim, como dizem Chico & Edu, ir deixando a pele em cada palco e não olhar pra trás.

E nem jamais

Jamais dizer

Adeus.

4 comentários:

Anônimo disse...

Engraçado isso Letícia. Na última vez que nos despedimos eu olhei muito para trás e vi que realmente você olha pra frente engata uma quinta marcha e vira a esquina deixando a poeira pra trás. =) Eu até comentei com Bárbara quando entrei na van: -Seria legal que a van passasse ali pela frente da estação e a gente desse um último tchau pra Letícia. Infelizmente a van tomou a outra direção. Mas como tu mesma disseste uma vez. Talvez seja melhor assim!

Rosa disse...

É muito bom estar disponível para encontrar as pessoas, trocar algum sentimento, se enternecer com elas. Curtir os abraços. Legal ver você aprender a fazer isso sem experimentar amargura depois. Mas é melancólico ir deixando a pele em cada palco...

Mayra disse...

que lindo.
o que fica da gente nos lugares, o que fica dos lugares na gente.
e seguir em frente.

Analu. disse...

Nossa, que lindo. Despedidas tem sempre um gostinho de lágrimas. Mas o melhor delas, é o gosto do beijo do reencontro, qdo realmente tem que ser.