Então, você está no controle. Senhora de si, que maravilha. Papai e mamãe já há algum tempo deram-lhe carta de alforria e agora é com você, big girl. Vai decidir sozinha pra que lado girar o volante. Medo de se perder? So sorry. Os pedestres, os passageiros dos ônibus, os outros motoristas, e até o seu carona vão oferecer ouvidos, ombros e conselhos cuidadosos, mas o caminho você é quem vai ter que decidir. No banco de trás, viaja a Sra. Responsabilidade - ela é toda sua. Grande, ela, né? Pesada... Assusta um pouco? Pois ao lado dela está muito confortavelmente instalado o Sr. Livre-Arbítrio. Ô sujeitinho de duas caras, viu? Faz a maior propaganda enganosa usando e abusando do nome da Sra. Liberdade, e quando você firma contrato, ele larga-lhe a mão e dispara: resolva sozinha, que aqui eu não apito. Sempre em cima do muro esse aí.
Mas acostume-se com eles, porque a Sra. Responsabilidade e o Sr. Livre-Arbítrio irão lhe acompanhando onde você for. Alegre-se! Pelo menos você não estará apenas na companhia da Srta. Solidão, que você trancou no porta-malas, mas que não para de fazer barulho. Então já que seus novos amigos insistem em repetir "você é quem sabe", arrisque, tente, resolva. E depois? Depois deleite-se em satisfação ou afunde-se em arrependimento. E depois ainda, diminua sua euforia ou recupere-se de sua depressão. E no terceiro depois, volte a um estado emocional regular e prepare-se para a próxima decisão na sua estrada.
Quanto mais saídas do giradouro, mais difícil escolher. Essa história de deixar a vida nos levar é uma delícia de comodidade, mas todo caminho se bifurca. E as placas, em vez de indicar claramente um destino, sinalizam apenas uma vaga direção. Aí o coração puxa para um lado, a cabeça empurra pro outro. O anjinho sussura uma opinião, o diabinho arrasta-lhe pela orelha em sentido oposto. E se você não consegue discernir para onde levam os caminhos, é porque eles ainda não existem. E apenas um deles, o sortudo que for escolhido, vai de fato concretizar-se.
Minha última grande experiência com decisões não transcorreu bem como eu esperava. Envolvi-me em uma colisão, girei, rodopiei, fiquei sem norte, perdi-me pelos caminhos e quando dei por mim, tava aqui. No momento, sigo em uma autoestrada, a todo vapor. Mas já posso enxergar a próxima bifurcação. Pra que lado irei ligar o sinal de pisca? Ô Solidão, minha filha, pare com esse barulho que assim não há santo que consiga raciocinar. Responsabilidade, pô, dá um tempo! Livre-arbítrio, vai ver se eu tou ali na esquina! Tenham dó, e deixem-me chegar mais perto. Eu preciso, ao menos, ver as placas.
E em tudo isso vinha eu pensando ao longo do Tâmisa, em uma singela caminhada dominical. "Faz-se o caminho ao andar".
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4 comentários:
Estilo novo! Humor e mistério, hum... Um dia vai sair um DVD explicando que Taciana escreveu aquela crônica em função de tal e tal acontecimento, né? (Como os de Chico, sabe?). Vou perguntar, não, vou esperar o DVD...
magistral, moca! adorei! vc escreveu toda a argumentacao do pq eu nao gostaria de voltar a minha infancia (como alguns amigos me disseram que gostariam). com seus altos e baixos, agora eu decido para eu levo meu celta (ou se vou troca-lo por uma bike, como fiz aqui na holanda). bj!
Uau! Amei seu texto! Desculpe a invasão assim, mas achei seu blogs nos links da Liv-chan e adorei. Sr Livre-arbítrio e Sra Responsa (minha amiga íntima essa aí) realmente enchem um carro né? ainda bem que ao menos eles não apitam na hora de escolher as músicas. =D
hahaha é verdade - ainda bem, pois eu sem minhas músicas não funciono :P
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