Daqui a mais um pouquinho, completo um ano no reino de Sua Majestade, the Queen of England. Não é que me sinta em casa (there's nothing like home) mas ouso dizer que consegui preencher o meu celular com um número suficiente de contatos a quem posso recorrer em uma emergência (touch wood!). Parece dramático, mas a sensação de nobody cares ao se aterrissar sozinha em uma terra estranha assusta, e o fato de saber que alguém vai perceber se você desaparecer já é um grande avanço.
No entanto, laços de amizade não se firmam do dia pra noite, especialmente em um caldeirão cultural como Londres. Aqui, todo mundo tem muitos friends. A palavra voa de boca em boca: "a friend from work", "a friend of mine", "I'm meeting some friends", "that's my friend". Friend, porque não tem outra palavra, mas pode ser alguém que você mal conhece. Não deixa de ser uma companhia legal, mas não é aquela pessoa a quem você vai responder "estou péssima" quando ela vier com o casual "tudo bem?". Você vai responder: "tudo bem". E sem maiores detalhes, falar dos diferentes tons de cinza do céu e daquele dia em que fez sol, do casamento da ex-Big Brother que está com câncer e em todos os tabloides, e das suas últimas e próximas viagens. Dá pra se divertir e dar boas risadas, mas entre tantos friends, contam-se os amigos nos dedos.
Quando voltei da França e passei uns meses na minha antiga escola, falei pra minha vó, com quem morava: "M. é minha melhor amiga". Com sua habitual seriedade, vovó retrucou: "Amiga? Você está lá há pouquíssimo tempo... diga que ela é sua melhor colega, mas não sua melhor amiga.". Fiquei triste, pois estava desesperadamente precisando de amigos, mas nada como a sabedoria dos anos. É, vovó, M. nunca passou de uma friend.
Muitos friends cruzam nossos caminhos e por que alguns deles tornam-se amigos é um mistério. Há alguns dias reencontrei, depois de 17 anos sem contato, minha "grande amiguinha" da temporada francesa. Tínhamos apenas 11 anos quando nos separamos, mas nunca hei de menosprezar a força das amizades dos tempos de escola.
Bons tempos de escola, que também me presentearam com um grupinho que, embora hoje espalhado pelo mundo, está, de alguma forma, sempre presente. Paira entre nós um sentimento implícito de "conte comigo". Sim, vamos sempre rir das mesmas piadas, vamos sempre contar as mesmas histórias, e vamos sempre tirar onda uns dos outros. Porque somos amigos de escola. E estenderemos a mão um ao outro sempre que for preciso. Como todas as suas tentativas de me deixar bêbada fracassaram, nunca cheguei a fazer o discurso "amo vocês". Mas é a eles, junto com mais umas pessoinhas muito queridas que encontrei aqui e ali, que dedico esse texto. Por serem mais do que friends of mine.
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5 comentários:
Amizade é mto legal. Volta e meia também reflito e escrevo sobre isso. E o ser mais que 'just friend' é de se ponderar. Pois mesmo quem vc acredita ser mais do que isso, e mesmo fazendo parte de sua própria família, pode te decepicionar de maneira tão intensa que pode a fazer duvidar dos demias amigos que conquistaste. Tudo bem, tudo bem, trauma meu ^^ mas de fato, amigo é amigo sempre, ou até ele de decepcionar irreversivelmente.
Amigo a gente nem precisa dizer pro outro que é. Porque isso é uma coisa que se sente e, apenas de perto, se explica. Porque, as verdadeiras coisas boas, são verdadeiramente inenarráveis. Portanto, não gastarei mais palavras, apresar de me dar muito bem com elas (são amigas não de hoje, mas de sempre), porque elas mesmas sabem que não podem dar conta disso. Beijos, Taci!!!
Esse post foi massa! Agora sobre contar sempre as mesmas estórias, isso só vai acontecer se vc continuar por aí! :P
Grande abraço, saudades!
Que lindo texto sobre amizade!
Taci seu blog fez o maior sucesso com as meninas do meu trabalho! ficaram encantadas com suas histórias e sensibilidade ao escrever...
beijão
é tudo verdade.
e quanto tempo demora pra gente entender a diferença entre friends e amigos, n'est pas?
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