sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Era uma vez na Macedônia

Eram dois compadres. Cumpádi A chamou Cumpádi B para tomar um café (toma-se muito café na Macedônia). Cumpádi B aceitou de bom grado, e Cumpádi A murmurou para a mulher na cozinha colocar sal no café do amigo. Cumpádi B tomou o café até o fim, agradeceu e tomou seu rumo, pensando, o que é seu tá guardado. Mais ou menos um ano depois, Cumpádi A, admirado com a plantação de Cumpádi B (muitas pessoas têm hortas em seus jardins na Macedônia), resolve comprar-lhe três caixas de batatinhas para plantar. Claro, diz Cumpádi B, passe amanhã que estarão prontas para levar. Cumpádi B colhe as batatas, cozinha (mas não muito), suja-as novamente com terra, e entrega as caixas ao amigo no dia seguinte. Cumpádi A faz sua plantação satisfeito, investe tempo, energia e dinheiro, mas passam-se os meses e as batatas de Cumpádi A são as únicas do vilarejo que não brotam. Contrariado, Cumpádi A vai tomar satisfação com Cumpádi B, que lhe diz hum... eu acho que sei qual é o problema. Minha mulher deve ter posto muito sal.

Relato real de J., jovem, loura, alta, de olhos claros e muitas traquinagens no currículo, segundo a qual no seu país, a Macedônia, esse tipo de "brincadeira" é tradição. Você sabe onde fica a Macedônia? Pois um pedacinho dela estava ali, no apartamento de B., um brasileiro que conheceu meu pai em Natal-RN há algumas semanas, e me convidou para jantar. E lá estava J., que é amiga da esposa uruguaia de B., com seu namorado neo-zelandês, contando suas histórias na sala espaçosa de janelonas com uma vista fantástica para o rio Tâmisa, na área nobre de Wandsworth. E lá estava J., um pedacinho da Macedônia comendo coxinha, pão de queijo e castanhas de Natal-RN e causando muitas risadas em uma noite aconchegante. E a isso, eu chamo de Londres. Sal a gosto.